Síndrome de Burnout

 

  

 

Maria Vanessa T. GRANGEIRO

Denyse Torquato de ALENCAR

Julyanne de O. Paes BARRETO

 

A Síndrome de Burnout: Uma Revisão da Literatura

 

 

 

 

Resumo

 

As mudanças tecnológicas e o conseqüente aumento da produtividade e lucratividade, trouxeram impactos à saúde do trabalhador, mais notadamente na esfera física e psíquica. A Síndrome de burnout tem sido apontada na literatura como uma nova enfermidade, relacionada às mudanças introduzidas no mundo do trabalho. O presente estudo teve o objetivo de demonstrar a importância da temática através de uma revisão bibliográfica. Uma análise demonstrou haver um certo consenso quanto a conceituação do  burnout, sua forma de manifestar-se e maneiras de prevenir, porém há uma razoável diversificação em termos das abordagens teóricas, não parecendo haver uma integração entre as mesmas.

 

Palavras-Chave: Burnout, Saúde do trabalhador, Mudanças

 

 

 

 

Introdução

 

As mudanças tecnológicas, introduzidas no processo produtivo, possibilitaram às empresas o aumento da produtividade e, conseqüentemente, dos lucros. Não obstante, este desenvolvimento trouxe impactos à saúde do trabalhador, com manifestações tanto na esfera do seu físico quanto psíquico. O surgimento de novas enfermidades, dentre elas a Síndrome de Burnout (Maslach & Schaufeli, 1993), relacionada às mudanças introduzidas no mundo do trabalho, é apontado nas produções científicas a partir, sobretudo, dos anos 1980.

O documento da Comissão das Comunidades Européias (Comisión de las Comunidades Europeas, 2007) estabelece que algumas enfermidades consideradas emergentes, como o estresse, a depressão ou a ansiedade, assim como a violência no trabalho, o assédio e a intimidação, são responsáveis por 18% dos problemas de saúde associados com o trabalho. Tendo em vista que, até pouco tempo, o trabalho não era considerado como um agente etiológico digno de nota e, portanto, não incluído como variável importante no processo saúde-doença (Jaquecs & Codo, 2002), são escassas as informações em saúde mental, principalmente entre profissionais de saúde. Entretanto, os poucos resultados relatados se mostram preocupantes. A incidência do estresse mental no trabalho, em países como os Estados Unidos e o Canadá, não diferem muito daqueles da Comunidade Européia (Jaquecs & Codo, 2002). Contudo, assevera-se que o estresse mental sozinho responde por 11% das reclamações por doenças nos Estados Unidos; segundo dados do National Council on Compensation Insurance (1985 citado em Jacques & Codo, 2002), estas reclamações dobraram em número de 1980 a 1982.

O burnout está entre as enfermidades emergentes. Esta síndrome foi descrita por primeira vez em 1974 nos Estados Unidos. Este feito foi levado a cabo por Herbert Freudenberger, a partir de estudos sobre a perda de motivação e comprometimento, acompanhados de sintomatologias psíquicas e físicas, como a perda de energia e a presença de fadiga, manifestados por voluntários de uma instituição para tratamento de drogados (Freudenberger & Richelson, 1980; Schaufelli & Buunk, 1996). Não obstante, quase paralelamente, Christina Maslach também utilizou a expressão burnout como resultado da uma pesquisa sobre a influência da carga emocional do trabalho no comportamento de profissionais de saúde, assistentes sociais e advogados (Maslach & Jackson, 1981, 1985).

Apesar da evidência de que existirem elementos psíquicos que podem ser integrados e explicados sob a denominação de burnout, predomina um número considerável de definições e teorias a respeito, demandando-se uma aproximação ao tema de modo a melhor compreendê-lo. Neste sentido, a continuação se procura tratá-lo conceitualmente, reunindo as principais teorias e medidas que têm sido freqüentemente utilizados para explicar esta síndrome em si e ou seus antecedentes e conseqüentes.

 

Conceituação e Natureza do Burnout

Burnout, expressão inglesa que significa “queimar-se” ou “consumir-se pelo fogo”, foi utilizada pela fácil semelhança metafórica com o estado de exaustão emocional, o “estar consumido”, fenômeno vivenciado mais freqüente e intensamente por algumas categorias profissionais (Maslach & Schaufeli, 1993; Schaufelli & Buunk, 1996). De acordo com alguns estudiosos da temática, o burnout surge inicialmente como um problema social (Schaufeli & Enzmann, 1998), sendo descrito na literatura como uma síndrome psicológica, resultado de uma tensão emocional freqüente, vivenciada por profissionais que dependem de relacionar-se freqüentemente com pessoas que necessitam de algum tipo de assistência. É apresentado como um construto multidimensional, formado por: exaustão emocional, despersonalização (ou cinismo) e diminuição da realização pessoal (Maslach, 1993; Maslach & Jackson, 1986).

Segundo Maslach (1993; Maslach & cols., 2001), a exaustão emocional se caracteriza por sentimentos de fadiga e falta de energia para manter-se em sua atividade laboral. Neste caso, o indivíduo se sente exaurido emocionalmente. A despersonalização diz respeito a atitudes negativas de aspereza e de distanciamento em relação às pessoas do ambiente de trabalho, normalmente aquelas a quem se pretende beneficiar. Finalmente, a dimensão de realização pessoal é caracterizada por uma auto-avaliação negativa do indivíduo, normalmente relacionada com sentimentos de incompetência e de desempenho insatisfatório no trabalho.

No Brasil, a primeira publicação em que se discorre sobre a síndrome de burnout é de França (1987), que aparece na Revista Brasileira de Medicina. Na década de 1990 tiveram lugar as primeiras teses que contemplavam o tema, a exemplo de Lipp (1996) que já cita o burnout em seus estudos sobre o estresse. Benevides-Pereira (1994, 2001) inclui em suas obras características típicas desta síndrome em um grupo de psicólogos. Mas, provavelmente o aspecto mais preponderante para situar esta síndrome ocorreu em 1996, quando da Regulamentação da Previdência Social. Nesta oportunidade, tal síndrome foi finalmente incluída como um agente patogênico causador de doença profissional. Entretanto, mesmo assim, esta ainda é pouco conhecida por parte dos profissionais, mesmo daqueles que, devido à sua ocupação, deveriam conhecê-la o suficiente para poder orientar, diagnosticar ou encaminhar para uma intervenção. Por vezes, destaca Benevides-Pereira (2003), em função do despreparo destes, a pessoa que apresenta nível considerável de burnout é tratada como portadora de estresse ou depressão, o que não a beneficia, uma vez que a causa principal do problema não é tratada, além de se atribuir toda a dificuldade a componentes pessoais.

Algumas pesquisas têm evidenciado que a incidência de burnout no Brasil não deve se distanciar muito daquelas registradas em outros países, já que o Brasil encontra-se em desenvolvimento, o que acarreta uma repetição do quadro de outros paises: aumento do setor de serviços na economia, crescente aumento da instabilidade social e econômica, coexistência de diferentes modalidades de processos produtivos (da manufatura à automação), precariedade das relações de produção, desemprego crescente, mudanças nos hábitos e estilos de vida dos trabalhadores influenciados pela implantação de programas de qualidade e reengenharia (Jaquecs & Codo, 2002).

Muitos nomes são designados para denominar a síndrome (Benevides-Pereira, 2003), o que pode até confundir o leitor ou dificultar pesquisas sobre a temática. A título de exemplos, seguem algumas dessas denominações: estresse laboral para assinalar a associação com o trabalho (Büssing & Glaser, 2000; González, 1995; Herrero, Rivera & Martín, 2001; Schaufeli, 1999), estresse profissional (May & Revich, 1985; Nunes, 1989), estresse assistencial, estresse ocupacional assistencial ou simplesmente estresse ocupacional denotando uma maior incidência entre profissionais que lidam com o cuidado a outras pessoas, independentemente do caráter profissional ou trabalhista (Carlotto, 1999; Firth, 1985; Shoröder, Martín, Fontanais & Mateo, 1996). Alguns autores espanhóis referem-se à expressão síndrome de queimar-se pelo trabalho (Gil-Monte & Peiró, 1997; Seisdedos, 1997) ou desgaste profissional (Moreno-Jiménez, Garrosa & González, 2000). No Brasil, observam-se referências à neurose profissional ou neurose de excelência (Stella, 2001), ou síndrome do esgotamento profissional (Moraes, 2000).

Como visto, ao longo dos anos esta síndrome de “queimar-se” ou de “esgotamento profissional” tem se estabelecido como uma resposta ao estresse laboral crônico, integrado por atitudes e sentimentos negativos. Contudo, observando-se os estudos que contemplam tal síndrome, constata-se a não existência de um conceito unânime, como evidenciado nas definições a seguir:

· De acordo com Freudenberger (1974), o burnout é resultado de esgotamento, decepção e perda de interesse pelo trabalho que surge em profissionais que estão em contato direto com pessoas em prestação de serviço.

· Na visão de Maslach e Jackson (1981), destacam-se dois aspectos principais: (a) esgotamento nervoso e (b) despersonalização. O primeiro pode ser entendido pela situação que os trabalhadores sentem quando já não podem dar mais de si mesmos afetivamente; é uma situação de esgotamento da energia dos recursos emocionais próprios, devido ao contato diário mantido com pessoas no trabalho. Ao passo que a despersonalização pode ser definida como o desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas, além de cinismo para as pessoas destinatárias do trabalho. Estes autores constataram que esta síndrome era mais evidente entre profissionais de saúde, que perdiam o interesse, a empatia e o próprio respeito por seus pacientes.

· Amorim e Turbay (1998), ao conceituar esta síndrome, afirmam que ela resulta de uma experiência subjetiva, que agrupa sentimentos e atitudes, implicando alterações, problemas e disfunções psicofisiológicas com conseqüências nocivas para a pessoa e a organização na qual trabalha, afetando diretamente a qualidade de vida do próprio indivíduo.

· González (1995) afirma que, desde a Teoria das Organizações, o burnout é entendido como conseqüência de um desajuste entre as necessidades do trabalhador e os interesses da empresa.

· Já Delvaux (citado em França & Rodrigues, 1997) chama atenção para o fato de que se tem que levar em consideração algumas características quando se trata de conceituar o burnout, referindo-se a suas três dimensões. A propósito, comenta que a exaustão emocional ocorre quando a pessoa percebe nela mesmo a impressão de que não dispõe de recursos suficientes para dar atenção ou oferecer cuidados aos outros. Neste caso, surgem sintomas de cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais de depressão e ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas, surgimento de doenças, principalmente daquelas denominadas psicossomáticas; a despersonalização corresponde ao desenvolvimento por parte do profissional de atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha, tratando-as como objetos; e a diminuição da realização ou produtividade profissional geralmente conduz a uma avaliação negativa ou baixa de si mesmo.

É perceptível que, em uma perspectiva psicossocial, o burnout tem-se definido como uma síndrome cujos sintomas são sentimentos de esgotamento emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. Estes sintomas podem se desenvolver naqueles indivíduos cujo objeto de trabalho são pessoas em qualquer tipo de atividade. No entanto, deve ser entendida como uma resposta ao estresse laboral que aparece quando falham as estratégias de enfrentamento que a pessoa pode empregar, agindo como variável mediadora entre o estresse percebido e suas conseqüências. Este enfrentamento é definido por França e Rodrigues (1997) como o conjunto de esforços que uma pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitações externas ou internas, que são avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades.

Thorton (1992) observou algumas características comuns nas diversas definições de burnout: a síndrome ocorre no nível individual; envolve sentimentos, atitudes, motivos e expectativas, e gera estresse, desconforto e disfunções físicas. Nesta mesma direção, Maslach, Schaufeli e Leiter (2001) pontuam que, nas várias definições deste construto, com algumas especificidades, encontram-se ao menos cinco elementos comuns: (1) existe a predominância de sintomas relacionados com a exaustão mental e emocional, fadiga e depressão; (2) a ênfase nos sintomas comportamentais e mentais e não nos sintomas físicos; (3) os sintomas do burnout são relacionados com o trabalho; (4) os sintomas se manifestam em pessoas “normais” que não sofriam de distúrbios psicopatológicos antes do surgimento da síndrome; e (5) a diminuição da efetividade e desempenho no trabalho ocorre por causa de atitudes e comportamentos negativos.

Alguns autores, a exemplo de Schaufeli e Buunk (1996), consideram que as manifestações do burnout devem ser classificadas em diferentes dimensões, como as descritas a seguir:

· Dimensão afetiva. Com relação ao aspecto afetivo, são relatados o humor depressivo, o sentimento de desesperança, a baixa auto-estima, a falta de significado, a ansiedade e os sentimentos de impotência no trabalho, a intolerância à frustração, hostilidade, hipersensibilidade e desconfiança. O burnout diminui a motivação para o trabalho, levando o indivíduo a uma percepção distorcida e pessimista da vida.

· Dimensão cognitiva. Nesta dimensão são relatadas a dificuldade de concentração e memorização, a dificuldade para tomar decisões e a presença de sintomas sensório-motores, como os tiques nervosos, a agitação e a incapacidade para relaxar (Kahill, 1988).

· Dimensão física. Esta dimensão abarca os sintomas psicossomáticos, tais como citam Freudenberger (1974) e Arches (1991): resfriados freqüentes, problemas gastrointestinais, dores de cabeça, fadiga, insônia, sensação de exaustão, tremores e falta de ar.

· Dimensão comportamental. Neste âmbito, alguns autores relatam a intensificação no uso de drogas, conduta de evitação, irritação fácil, frustração, hiperatividade e dificuldade para controlar as emoções (Arches, 1991; Freudenberger, 1974). Não obstante, outros também apontam o absenteísmo, a baixa produtividade, os atrasos no trabalho, os acidentes, os roubos, a negligência e a intenção de abandonar o emprego (Schaufeli & Buunk, 1996).

· Dimensão social. Nesta dimensão as manifestações sociais mais freqüentes são os problemas com os clientes, colegas, superiores e subordinados, por conta de um comportamento de evitação dos contatos sociais (Maslach, 1978). A diminuição do envolvimento no trabalho tende a interferir na vida familiar, aumentando os conflitos interpessoais; as pessoas com burnout correm o risco de se isolarem.

 

· Dimensão atitudinal. São relatados nesta dimensão a desumanização, a insensibilidade, a indiferença e o cinismo no trato com os clientes (Maslach, 1978; Maslach & Jackson, 1986). Também a perda de entusiasmo, interesse e idealismo, o que pode levar ao absenteísmo e abandono do emprego.

 

Embora os sintomas do burnout sejam comumente confundidos com aqueles da depressão, Schaufeli e Buunk (2003) afirmam que as sintomatologias destas patologias apresentam variações, não sendo conceitos intercambiáveis e redundantes. Alguns estudos demonstram que burnout e depressão emergem por diferentes fatores (McIntyre, 1994; Schaufeli & Buunk, 2003). Segundo Benevides-Pereira (2002), a pessoa que vivencia o burnout identifica o trabalho como desencadeante do processo e apresenta uma sintomatologia com prevalência de sentimentos de desapontamento e tristeza. Por outro lado, na depressão há prevalência de sentimentos de derrota e letargia para a tomada de atitude.  

De uma maneira geral, o burnout tende a causar uma apatia geral pelo trabalho, em que o indivíduo não se sente mais estimulado com suas atividades laborais, perdendo o interesse por sua organização e seus colegas de trabalho, diante dos quais começa a desenvolver certa desconfiança e a se mostrar hipercrítico (Schaufeli & Buunk, 1996). Como resultado, a pessoa pode apresentar dificuldade para se relacionar, tornando-se menos eficiente e mais sujeita a acidentes de toda ordem. Pode também mostrar aparente frieza em relação ao sofrimento do outro, com exacerbação do isolamento social e familiar, além de minimizar os problemas inerentes à profissão.

Acerca do processo de “adoecimento” por burnout, Lautert (1995) argumenta que a instalação desta síndrome ocorre de maneira lenta e gradual. Alvarez-Galego e Fernández-Rios (1991) distinguem três momentos para sua manifestação: inicialmente as demandas de trabalho são maiores que os recursos materiais e humanos, o que gera um estresse laboral no indivíduo (percepção de uma sobrecarga de trabalho). Posteriormente, evidencia-se um esforço do indivíduo em adaptar-se e produzir uma resposta emocional ao desajuste percebido. Aparecem, então, sinais de fadiga, tensão, irritabilidade e até mesmo ansiedade. Assim, esta etapa exige uma adaptação psicológica do indivíduo, que se reflete no seu trabalho, reduzindo o seu interesse e sua responsabilidade pela função assumida. Finalmente, num terceiro momento, ocorre o enfrentamento defensivo, ou seja, o indivíduo produz uma mudança de atitudes e comportamentos com a finalidade de defender-se das tensões vivenciadas, ocasionado distanciamento emocional, retirada, cinismo e rigidez.

Apesar de soarem consistentes, ao menos no plano semântico, as etapas previamente descritas são contestadas por autores como Belcastro, Gold e Hays (1983 citados em Delgado, 1993). Esses afirmam que não é possível determinar, com exatidão, a seqüência ou os correlatos das diferentes fases implicadas no desenvolvimento desta síndrome. Entretanto, Gil-Monte (1993) advoga um processo seqüencial coerente com os autores previamente citados; a propósito, sugere que no primeiro momento o indivíduo percebe a evidência de uma tensão, o stress; posteriormente, aparecem sintomas de fadiga e esgotamento emocional, concomitantemente a um aumento do nível de ansiedade; e, finalmente, o ele desenvolve estratégias de defesa, utilizando-as de maneira constante. Estas estratégias consistem em mudanças de atitudes e comportamentos que incluem indiferença e distanciamento emocional do trabalho.

No que se refere às formas de prevenção de burnout, França e Rodrigues (1997) recomendam: (a) aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia; (b) prevenir o excesso de horas extras; (c) dar melhor suporte social às pessoas; (d) melhorar as condições sociais e físicas de trabalho; e (e) investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores. Entretanto, Phillips (1984) assevera que a primeira medida para evitar a síndrome de burnout é conhecer suas manifestações. Não obstante, cita também formas de prevenção, as quais podem ser agrupadas em três categorias principais: estratégias individuais, estratégias grupais e estratégicas organizacionais. As primeiras se referem à formação e capacitação profissional, ou seja, tornar-se sempre competente no trabalho, estabelecer parâmetros, objetivos, participar de programas de combate ao stress, entre outros; as estratégias grupais consistem em buscar o apoio grupal (Shinn & Morch, 1983); e, finalmente, aquelas organizacionais compreendem relacionar as estratégias individuais e grupais para que estas sejam eficazes no contexto organizacional.

            Em resumo, parece haver algum consenso razoável quanto ao burnout, sua conceituação, seqüência de manifestação e formas de prevenir. Entretanto, como se depreende da leitura realizada até aqui, os achados descritos versam sobre diferentes perspectivas, não havendo uma integração. Neste sentido, demanda-se resgatar, algumas das principais abordagens teóricas que têm sido elaboradas sobre a síndrome de burnout. .

 

 

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Sobre as autoras:

1.     Maria Vanessa Tavares Grangeiro é Médica pela Universidade Federal do Ceará.

 

2.     Denyse Torquato de Alencar é Médica Pediatra no Juazeiro do Norte – CE.

 

3.     Julyanne de oliveira Paes Barreto é Graduada pela Faculdade Ítalo-Brasileira – SP, Coordenadora do curso de extensão de Formação de Comissários de Vôo pela FACISA – Faculdade de Ciências Aplicadas de Campina Grande – PB.

          E-mail: July_paes2@hotmail.com.

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